Abstract
Em Situating the self: gender, community and postmodernism in contemporary ethics, publicado em 1992, Seyla Benhabib propôs a ideia de reversibilidade de perspectivas, como um exercício real ou imaginado, por meio do qual poderíamos fazer presente a perspectiva do outro. Na sequência, Iris Young fez críticas ao conceito, problematizando a sua possibilidade e mesmo a sua desejabilidade. Para Young o problema é a ideia de simetria que fundamenta especialmente a sua versão imaginada. Através da análise dos argumentos apresentados nos textos, e da avaliação contextual de dois encontros com a questão negra nos Estados Unidos – o de Hannah Arendt e o da própria Benhabib – o artigo buscará questionar essa possibilidade, retomando as críticas de Young e as pretensões do conceito para a teoria democrática de Benhabib argumentando que há um impasse entre a necessidade do diálogo imaginado para a sua potencialidade para se pensar a política contemporânea e a sua impossibilidade e mesmo indesejabilidade.