Abstract
A recepção de Hannah Arendt ocorre principalmente no domínio da filosofia política, de modo a interpretá-la como uma teórica das crises do século XX. Contudo, essa perspectiva perde de vista os pressupostos e compromissos teóricos que a obra arendtiana assume com a tradição filosófica alemã, os quais permitem identificar problemas ainda não tratados em sua recepção. Assim, por meio de uma revisão bibliográfica, aliada à análise de ensaios teóricos da autora, esse artigo objetiva apontar uma lacuna na literatura arendtiana ao verificar, de um lado, a presença de uma estrutura fenomenológica nos textos de Hannah Arendt e, por outro, conexões entre os seus temas e métodos e o problema da crise de identidade da filosofia. Dessa forma, ao evidenciar o tratamento deste problema na obra de Hannah Arendt, amplia-se sua recepção além do domínio da filosofia política.