Estado e Saúde: sobre a politização da medicina
Abstract
O artigo, baseado essencialmente na leitura das obras de Michel Foucault e Giorgio Agamben, trata do surgimento das “políticas médicas” como evidência de uma virada crucial da política no Ocidente, a saber, a politização da vida biológica. O dado biológico que, na Antiguidade era separado da vida política, torna-se no período moderno o núcleo em torno do qual se erguem os novos paradigmas políticos. A invenção da sociedade de massas, a politização e a socialização – ao invés de uma elitização ou individualização – da medicina representam uma resposta a uma demanda político-econômica exclusivamente moderna. O trabalho visa vincular esta politização da vida natural à politização da medicina no século XVIII, e apresentar os regimes totalitários aparecidos no século XX como fruto e possibilidade mais radical desta biopolítica.