Abstract
O artigo pretende apresentar e defender a viabilidade de uma leitura da obra de Schopenhauer, em especial de sua metafísica da natureza, em uma dupla perspectiva: hermenêutica e cética; e em uma quádrupla frente: 1) levando a sério a distinção schopenhaueriana entre ser subjetivo e ser objetivo, bem como, no interior deste último, entre consideração subjetiva e objetiva; 2) a partir daquilo que chamo de tese da inteligibilidade inversa; 3) concebendo o processo de objetivação da Vontade nos moldes de uma teoria dos mundos possíveis; 4) compreendendo a matéria como noção-limite da filosofia schopenhaueriana e, esta, como uma filosofia do limite. Trata-se menos de conceber um Schopenhauer hermenêuta ou cético que tentar estabelecer um diálogo entre sua obra e uma certa concepção de hermenêutica e ceticismo. Diálogo que seria capaz de encaminhar possíveis soluções para alguns problemas que sua filosofia sempre teve dificuldade em enfrentar, como a significação profunda da noção de Vontade e as implicações cosmológicas a ela ligadas.