Apresenta-se aqui a tradução para o Português de um capítulo do livro Subjektivität und Vermittlung. Studien zur Entwicklung des transzendentalen Denkens bei I. Kant, E. Husserl und H. Wagner (München: Wilhelm Fink Verlag, 1973, [p. 294-322]), de Manfredo Oliveira. O livro foi originalmente a sua Tese de doutorado, defendida em 1971, na Universidade Ludwig-Maxmilian de Munique. A tradução é do próprio autor, revista pelo Prof. Evaldo Sampaio. Em complemento à entrevista concedida por Manfredo Oliveira que integra este dossiê, a tradução (...) inédita deste texto tem o propósito de mostrar como os temas essenciais de sua reflexão já estão presentes naquele primeiro trabalho. (shrink)

K. O. Apel vê na Dialética uma dupla tarefa. Ela, por um lado, tem que ser um método de estruturar o discurso filosófico; por outro lado, ela tem que dar conta da historicidade com seus fatos contingentes. Se o primeiro aspecto predomina e é levado às últimas consequências, a historicidade desaparece e os fatos perdem sua contingência, como em Hegel e Marx. Se o segundo aspecto predomina e é levado a sério, o método deixa de ser método. A Hermenêutica de (...) Gadamer quer, por isso, substituir o primeiro aspecto, eliminando a Dialética como método. Apel tenta superar esses impasses, introduzindo uma conciliação do Apriori-Corpo com o Apriori-Consciência. O primeiro corresponde à historicidade, o segundo, à necessidade característica do método. Mas Apel para aqui e não faz disso uma Ontologia; o que V. Hoesle e Cirne-Lima, continuando na montagem do mesmo raciocínio, tentam fazer. (shrink)

Klaus Hartmann interpreta a Dialética como uma radicalização do pensamento transcendental. A opção ontológica, tal como ela é feita pelo autor, significa que o método transcendental transborda, sai de seus limites clássicos, sai de si mesmo e se constitui como filosofia dialética. As categorias, ligadas umas às outras por relações de negação, só possuem fundamento e legitimação enquanto são mediadas por um grande "sujeito conclusivo", que é o próprio pensamento enquanto ideia absoluta.

O artigo tematiza a controvérsia contemporânea a respeito da estrutura e da legitimidade da dialética enquanto discurso humano. No contexto atual deste debate se articulam duas tendências interpretativas da estrutura da dialética: a que vincula a dialética ao mundo vivido, cuja racionalidade se distancia profundamente da racionalidade vigente nas ciências modernas, aproximando-se da hermenêutica ou da retórica. Uma segunda direção interpreta a dialética enquanto reflexão transcendental, em última instância, como a lógica de uma filosofia do absoluto, ou seja, como o (...) procedimento especifico da reflexão filosófica enquanto tal. (shrink)