Falaremos de uma cidadania criativa que se configura lentamente na sociedade contemporânea. Consumo, beleza, vaidade, moda e corpo são elementos que irão fazer o campo da cultura refletir sobre conceitos que estavam, por muito tempo, sedimentados no campo da Comunicação. As jovens mulheres que se autointitulam “ratas” e seu estilo de vida nos guiaram para problematizar questões relativas às sociabilidades comunitárias e à cidadania cultural. Este trabalho faz uma imersão de campo na comunidade na favela da Candelária, na Mangueira, Rio (...) de Janeiro. (shrink)

A crise dos modelos de representação fundadas em unidades coerentes e ordenadas parece ter como um dos traços o que Bruno Latour (1993) chamou de “híbridos”(1). Os híbridos são a figura da multiplicidade que não cabe em categorias e que a modernidade “varia para baixo do tapete”. Atualmente, assistimos ao “retorno dos que nunca foram”, que interpelam de forma contundente nossas formas de vida, fortemente apoiadas na técnica. Mas como apreender os fluxos de discursos e práticas mediatizadas que nos atravessam (...) sem cair nas armadilhas do tecnicismo? Que configurações poderiam hoje assumir práticas e discursos críticos? Que agenciamentos propor? Tentar compreender o estatuto do tecnológico, do político, do artístico, do urbano e do banal como “artes do fazer” parece-nos uma tarefa urgente e necessária. Gilles Deleuze (1977), em “Kafka, por uma literatura menor” (2), deixa-nos uma importante pista, ao afirmar, em sua definição de agenciamento, que “a técnica é antes de tudo social”. A direção nos permite avançar para além das concepções instrumentalistas e dicotômicas da técnica e percebê-la enquanto processo complexo de mediação. De fato, como também afirmava Simondon (1989), os objetos técnicos sempre foram gerados por mediação e geradores de mediação(4). O presente número da Revista Logos traz justamente contribuições para fomentar esse debate e para compor o já vasto quadro das cartografias sobre tecnologia e sociabilidade no Brasil, no campo das possibilidades de mediação sociotécnica. Trata-se de um número especial, organizado dentro da parceria PPGC-Uerj e Centre d’Etudes sur l”Actuel et lê Quotidien (CEAQ) - Paris V, com a colaboração do Professor Stéphane Hugon, coordenador do GRETECH, grupo de pesquisa sobre Tecnologia e Quotidiano. Se, por um lado, o conjunto de artigos compartilha determinados referenciais teóricos, por outro, acolhe também visões próprias, forjadas a partir de diferentes experiências sociais e em distintos contextos culturais. Em comum, todos partem de certa forma da percepção de que as mediações presentes nos processos de sociabilidade podem colaborar nos processos de negociação com as regras e códigos sociais vigentes para inventar outros possíveis. Todos, de certa forma, dão a ver, em seu conjunto, que entramos numa arena onde os diversos elementos que constituem o social interagem e ganham novos contornos: o político não dialoga apenas com o “ideológico”, mas também com o cultural, o subjetivo, o artístico. Da mesma forma, a arte, por exemplo, não diz respeito apenas ao cânone, mas também ao político, ao urbano, ao sensual e ao banal. Com isso, também a noção de tecnologia se amplia e, entendida como “máquina social”, pode ajudar-nos a melhor apreender as dimensões dos fenômenos culturais e de comunicação hoje. Os onze textos reunidos neste número apontam exatamente para o momento singular em que vivemos sob alguns de seus mais diversos ângulos. Stéphane Hugon da Universidade René Decartes-Paris V/CEAQ discute a importância dos processos de apropriação da tecnologia no quotidiano; João Maia e Eduardo Bianchi, da UERJ, abordam a sociabilidade de jovens adolescentes de uma favela carioca como forma criativa de cidadania; Vicenzo Susca, da Universidade René Decartes-Paris V e da Università di Lingue e Comunicazione de Milão, aborda o aspecto subversivo das tecnologias, através de uma perspectiva transpolítica; Beatriz Bretas da UFMG apresenta estudos de caso sobre modos de organização de redes sociais virtuais no Brasil; Fabio Larocca discute como as tecnologias alteram nosso olhar sobre as dinâmicas sócio-espaciais no contexto das cidades; Florian Dauphin faz uma análise do sofware livre na França, país com uma das mais fortes tradições de organização social desse movimento na Europa; José Pinheiro Neves, da Universidade do Minho, recupera a contribuição de Simondon para uma análise da percepção das imagens nas telas dos computadores; Shangsub Choi, do Korea Information Society Development Institute, aborda as mudanças propiciadas pela internet no quotidiano de pessoas e empresas e as possibilidades de contra-poder; a arquiteta e urbanista Julieta Leite aposta na integração das tecnologias digitais aos tecidos da cidade para a construção de novas experiências espaciais coletivas; Maria da Luz Correia analisa a recuperação da comunicação por cartões postais nos dias atuais. Finalmente, Hedi Zamouri faz uma etnografia da Brigada Anti-Pub, movimento contra o abuso da publicidade nos espaços públicos de Paris e José Cláudio Castanheira resenha o último livro de Shetyl Turkle, “História íntima dos objetos”. A Logos 29, edição especial, chega assim aos leitores com uma gama variada de proposições e de lugares de observação, brindando-nos com novas pistas para a análise de questões que compõem a pesquisa atual no campo da comunicação. Desejamos a todos uma boa leitura. Fernando Gonçalves Editor temático desta edição especial da Logos. Professor adjunto da Faculdade de Comunicação Social da Uerj e membro do Grupo de pesquisa Comunicação, Arte e Cidade, do PPGC-Uerj, onde leciona a disciplina “Tecnologias e Formas de Vinculação Social”. Notas 1 Latour, Bruno. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994. 2 Deleuze, Gilles. Kafka, por uma literatura menor. Rio de Janeiro: Imago, 1977. 3 Simondon, Gilbert. Du mode d’existence des objets techniques. 4eme Édition. Paris: Aubier, 1989. (shrink)

Benedetto Varchi and Averroism. The article examines the role played by Averroes and the Averroist tradition in Benedetto Varchi's philosophical works. The first part clarifies why Varchi defines Dante as an "Averroist" and reconstructs his ori-­ ginal reading of the first verse in Paradise. The second part argues that Varchi's plan to vernacularize philosophy, often interpreted as an attempt to "demo-­ cratize" knowledge, should not prevent us from recognizing that he emphasizes the moral and intellectual differences existing among human beings. (...) Though following Aristotle in saying that "all men by nature desire to know", Varchi shows no qualms in acknowledging that most of them cannot fulfil this desire and, referring to Averroes and Galen, claims that because of their complexio most people cannot understand phi-­ losophy. (shrink)

volume I. Philosophical inquiries and general theoretical concerns -- volume II. The kaleidoscope of different international law theories.

_Abstract_: This paper aims to propose a relational approach to the study of cognition that can offer a perspective on the cognitive behaviours of plants – sessile organisms without a nervous system – when considered in the reciprocal interrogation of philosophy and the cognitive and ecological sciences. When leveraging the inspiring, clarifying, and occasionally heuristic potential of different epistemic tools, plant cognition can be understood as the result of processes constantly shaped by multiple co-constructive relationships between organisms and their ecological (...) niches. Organisms and niches are conceivable as dense multi-functional systems of resources and information interchange. The concepts of network and ramification are fruitful keys to frame forms of dynamic relationships between elements. In their alternatively iconical, metaphorical, and conceptual-modelling potentialities, networks and ramifications have been used to identify different types of relationships and transmitted information. The explanatory and heuristic scope of these two concepts needs to be further investigated when linked to cognitive aspects, especially with regard the concept of ramification. Looking at the plant world, whilst much has been written about networks, relatively little has been said explicitly about ramifications (branching capacity, branching characteristics and habits) and their relationship with aspects related to plant behaviour and cognition. _Keywords_: Plant Cognition; Ramifications; Networks; Ecology; Cognitive Science _Reti e ramificazioni: prospettive relazionali nello studio della cognizione vegetale _ _Riassunto_: Questo lavoro intende proporre un approccio relazionale allo studio della cognizione che possa offrire una prospettiva sui comportamenti cognitivi delle piante – organismi sessili privi di sistema nervoso – considerati dalla prospettiva filosofica e delle scienze cognitive ed ecologiche. Dato il potenziale ispiratore, chiarificatore e a volte euristico dei diversi strumenti epistemici, la cognizione delle piante può essere vista come risultato di processi costantemente plasmati da molteplici relazioni co-costruttive tra gli organismi e le loro nicchie ecologiche. Organismi e nicchie sono infatti concepibili come un denso sistema multi-funzionale di scambio di risorse e informazioni. I concetti di rete e ramificazione sono utili chiavi di lettura per inquadrare forme di relazione dinamica tra elementi. Nelle loro potenzialità iconiche, metaforiche e concettuali, le reti e le ramificazioni sono state usate per identificare diversi tipi di relazioni e informazioni trasmesse. Lo scopo esplicativo ed euristico di questi due concetti necessita di essere ulteriormente indagato, quando legato agli aspetti cognitivi, specialmente per quanto riguarda il concetto di ramificazione. Guardando il mondo vegetale, mentre molto è stato scritto sulle reti relativamente poco si è detto esplicitamente sulle ramificazioni (capacità di ramificazione, caratteristiche e abitudini di ramificazione) e sulle loro relazioni con aspetti legati al comportamento e alla cognizione. _Parole chiave_: Cognizione vegetale; Ramificazioni; Reti; Ecologia; Scienza cognitiva. (shrink)

O objetivo desse artigo é tentar esclarecer as origens e a importância filosófica do conceito de validade lógica objetiva no pensamento de Frege. Nosso argumento tentará localizar a filosofia de Frege dentro de uma tradição semântica analítica que surge no século XIX pelo pensamento de Bolzano e Lotze e que também se caracteriza pelo antinaturalismo, antipsicologismo e pela crença em uma objetividade a priori como característica de unidades logicamente válidas, mas não reais. O artigo irá identificar pontos em comum entre (...) a filosofia desses três pensadores, mas, principalmente, queremos buscar nas filosofias de Bolzano e Lotze as raízes para entendermos a distinção entre os três reinos e o semanticismo platônico presentes na filosofia de Frege. (shrink)

Although sustainable and responsible investment (SRI) has quite recently become a hot research topic, scarcely any systematic research has been paid to the performance of this non-conventional approach to investment during the financial crisis that emerged in mid-2008 when the resilience of the financial markets was sorely tested. Such real-world resilience in practice is the subject of the current research which tests whether environmental, social and governance screens provides ethical investors with adaptive resilience in bull and bear market conditions by (...) focussing on the SRI equity index of one of the most active markets in Europe in terms of ethical investment, the FTSE4Good-Ibex in Spain. Multivariate Generalized Autoregressive Conditional Heteroskedasticity (M-GARCH) analysis indicates that ethical investors in the equity market examined with evidence that greater resilience in severe business cycle shocks could be attributable to SRI by companies. Although limited to a single country study, the results have implications for investors seeking resilience in crisis: when individual values and beliefs towards sustainability tie with personal investment strategy, the end result is adaptive financial resilience, social well-being and environmental defence. (shrink)

A questão da eutanásia e da ortotanásia suplanta os aspectos meramente jurídicos, adentrando necessariamente os campos ético, religioso, social e até mesmo econômico. A tomada de posição do Conselho Federal de Medicina acerca da questão da ortotanásia ens.

En este trabajo se analiza la relación entre los conceptos de fetichismo y lucha de clases en el particular marxismo de Slavoj Žižek. Žižek comprende el fetichismo marxiano a través del psicoanálisis y en el marco de la concepción de Marx de la religión en dos sentidos: como ideología y como fundamento. Esto le permite mostrar que el fetichismo y en general el hecho religioso, no es únicamente «falsa conciencia» sino que también funciona como el elemento constitutivo e insuperable de (...) lo real, lo que, a su vez permite repensar la lucha de clases. (shrink)

En el presente trabajo se expondrán, en primer lugar, algunos puntos clave de la fundamentación de la propuesta de E. Dussel en torno a la Política de la Liberación. En segundo lugar, se desarrollarán algunas tesis centrales de M. Beuchot referidas a la fundamentación de la hermenéutica analógica. Finalmente, se mostrará que algunos elementos centrales de los desarrollos dusselianos pueden ser entendidos como una subparte de la hermenéutica analógica.

En este artículo se explora la relación entre el pensamiento político de Noam Chomsky y la teoría de la justicia de John Rawls, estableciendo un diálogo crítico entre ambas perspectivas para identificar áreas de convergencia y divergencia. El objetivo es analizar cómo las ideas de Chomsky en torno a la justicia, la democracia y la responsabilidad moral pueden contribuir a la reflexión sobre la teoría de Rawls. Aunque Chomsky es reconocido principalmente por su trabajo en lingüística y crítica social, su (...) obra también contiene una rica teoría política que sostiene que los poderosos utilizan la ideología para mantener su control sobre la sociedad. Por su parte, Rawls es reconocido por su teoría de la justicia como equidad, que se enfoca en la necesidad de organizar las sociedades de manera que todas las personas tengan una oportunidad justa de alcanzar sus objetivos. (shrink)

Los términos “educación” y “formación” son cercanos, pero diferentes; la educación responde a un saber disciplinar concreto dentro de una estructura o sistema propio, mientras que la formación tributa a lo humano desde ámbitos no necesariamente sistemáticos. El siguiente artículo tiene como punto de partida la hipótesis de que la formación es un efecto que solo puede ser concebido a posteriori. Dicha hipótesis servirá de acicate para proponer una lectura del Menón de Platón que logre evidenciar algunas condiciones del diálogo (...) que posibilitan el efecto formativo. En primer lugar, se darán algunos presupuestos para comprender la hipótesis; luego, se establecerán dos condiciones que facilitan el proceso formativo: el λόγος y el acompañamiento (cada una de estas condiciones tendrá, a su vez, una división que las explicitará); y, por último, se determinará, en una tabla, si hay efecto formativo o no en los personajes que refiere el diálogo. (shrink)

En este trabajo, me propongo discutir la plausibilidad de la tesis de que es posible captar las características modales del concepto intuitivo de consecuencia a través de un concepto de consecuencia definido generalizando sobre interpretaciones. Desde mi perspectiva, las argumentaciones que han ofrecido aquellos que, como Ray, quieren salvar el salto de lo general a lo modal, mostrando que hay suficientes interpretaciones como para representar las características modales de la noción preteórica de consecuencia, poseen un mismo tipo de limitación. La (...) misma es producto de la imposibilidad de contar con una interpretación de los cuantificadores suficientemente general como para abarcar sin restricción contextual alguna, la totalidad de las interpretaciones. Al mismo tiempo, sostengo que estos problemas están emparentados con los límites expresivos propios de la estrategia que intenta ofrecer una teoría matemática precisa del concepto de interpretación por medio de algún tipo de cuantificación sobre estructuras (sean estas conjuntistas o no). Por eso, tales límites expresivos no tienen que ver especialmente con los rasgos modales propiamente dichos del concepto de consecuencia, sino con la cuantificación irrestricta que el análisis requeriría para ser adecuado. (shrink)

La multitemporalidad cumple una función importante en la novela “Condiciones Extremas” (1998, 2000 y 2005) del colombiano Juan B. Gutiérrez. Este texto es una hipernovela que presenta una organización narrativa temporal desfamiliarizadora anclada en las tendencias temáticas y estrategias textuales generales de las obras de ciencia ficción. La dispersión de la subjetividad de los personajes se observa en la narrativa y en la representación del texto como un hipermedia adaptable en donde la manipulación del elemento temporal es un aspecto esencial (...) en la interpretación de la narrativa digital. En la presentación y estructuración de su narrativa, “Condiciones Extremas” utiliza Literatrónica en su última versión. Éste es un motor de inteligencia artificial que preselecciona vínculos para que el lector-usuario siga en la construcción de la(s) historia(s) de la obra. Literatrónica trata de evitar la posible dispersión del sujeto-lector que se asocia con las múltiples alternativas de navegación de un hipertexto, proporcionándole a su lector-usuario una narrativa coherente, al estilo de las narrativas no-virtuales, presente desde el principio. De tal forma que cualquiera que sea la ruta de navegación por la que el lector-usuario opte, no se va a impedir una experiencia narrativa “completa” de la novela. (shrink)

Neste artigo, discutiremos e contextualizaremos a noção de democracia selvagem dentro da teoria democrática de Claude Lefort. O texto será dividido em três partes. Primeiramente, apresentaremos as ideias fundamentais do pensamento político do autor. Em seguida, analisaremos o papel da ideia de democracia selvagem em três textos de Lefort: dois dedicados ao evento de Maio de 68, A desordem nova e Releitura, além do prefácio à segunda edição da obra Éléments d'une critique de la bureaucratie. Por último, apresentaremos a discussão (...) recente nos estudos lefortianos sobre a fecundidade do termo "democracia selvagem", relacionando, principalmente, dois temas importantes para Lefort: a dimensão do conflito nas democracias e a relação do direito com as lutas democráticas. (shrink)