Resumo: O problema básico a cuja resposta se almeja nesse artigo é o problema geral da epistemologia da filosofia da religião: é possível falar de uma racionalidade, de um modo geral, do e no discurso religioso? É racional, a título de exemplo, falar-se – e, mais ainda, defender – proposições como “há vida depois da morte”, “existe Deus”, “a alma reencarna e é eterna”, “Jesus ressuscitou ao terceiro dia” etc.? Para uma plêiade de autores a resposta é negativa; para uma (...) outra parcela, por outro lado, a resposta é justamente a oposta. Em ambos os casos, não discutiremos o conteúdo da defesa daqueles ou que negam ou que defendem a racionalidade de uma proposição como as mencionadas, mas focalizaremos na concepção de subjetividade subjacente às teses negativas. Esse trabalho, assim, pretende apresentar uma proposta alternativa de defesa do discurso religioso. Em um primeiro momento, busca-se evidenciar que a desconsideração do caráter racional do discurso (ou proposições) religioso pressupõem uma concepção deflacionária de racionalidade. Intentar-se-á evidenciar que essa concepção “deflacionária” de racionalidade é dependente de certa tradição empirista. O segundo segmento inicia com um apontamento das fragilidades de uma tal concepção de racionalidade, abrindo-se espaço, portanto, para a apresentação de uma posição inferencialista a partir de Wilfrid Sellars (1912-1989). Conclui-se, portanto, pela racionalidade do discurso religioso, na medida em que se explicita a falsa pressuposição, uma concepção reducionista de subjetividade, das teses que negam tal possibilidade. Palavras-chave: Wilfrid Sellars. Racionalidade. Empirismo. Religião. (shrink)

A filosofia de Hannah Arendt tem sido frequentemente interpretada como uma ruptura em relação à tradição filosófica anterior. Assim, partindo da compreensão de que a história da filosofia se desenha a partir de problemas que lhe conferem sentido, este artigo apresenta textos de Arendt nos quais se verifica o tratamento de questões que estão na origem da tradição neokantiana e que também figuram nas discussões filosóficas contemporâneas. Com isso, objetiva-se demonstrar que Arendt não deve ser simplesmente vista como uma ruptura (...) com a tradição, mas como parte da mesma crise de identidade da filosofia que confere sentido às teses e problemas do neokantismo. (shrink)