Abstract
RESUMO Defendo uma versão de sentimentalismo avaliativo segundo a qual (i) respostas afetivas são aparências de valor e (ii) juízos de valor podem repudiar ou assentir a essas aparências. O ponto de partida do meu argumento é a concepção enativa de afetividade de Giovanna Colombetti. De acordo com Colombetti, um ser afetivo é um que, por meio de sua atividade de produção de sentido, traça distinções significativas, permeadas de valores e, assim, produz um Umwelt (isto é, um ambiente que tem um significado específico para ele). Os elementos desse Umwelt impactam o ser afetivo como significativos e ser assim impactado é ter uma resposta afetiva. Nesse sentido, respostas afetivas podem ser caracterizadas como aparências de valor. Sustento que as aparências de valor são melhor compreendidas como percepções de affordances. Essa tese tem consequências para nossa compreensão de juízos de valor. Os conceitos avaliativos que são relevantes para nós devem corresponder a distinções que são significativas para nós. Assim, conceitos avaliativos relevantes devem capturar o significado de elementos do Umwelt que afetam o organismo. O resultado é que o significado que juízos de valor atribuem a seus objetos pode coincidir com o significado com o qual o objeto nos é apresentado em uma resposta afetiva.