Abstract
Este artigo pretende sustentar que, em Wittgenstein, a noção de limite proposicional caracteriza um elemento de transição entre o não cognitivismo expresso no Tractatus e a filosofia posterior, especialmente nas Investigações. Neste sentido, podemos apontar que é o limite da dizibilidade que marca a ruptura na análise entre as proposições científicas e as “proposições éticas”. Enquanto as primeiras possuem valor de verdade, isto é, podem ser verdadeiras ou falsas, as demais carecem de sentido porque não podem ser expressas por uma notação ideal. Por isso, o discurso científico, ao contrário do discurso moral ordinário, expande-se na medida em que limitamos as fronteiras da linguagem. Isso permite que aceitemos como conclusão apenas a existência de proposições elementares, que não são mais analisáveis. Portanto, não é possível formular proposições morais, mas apenas enunciar juízos, uma vez que os valores não são qualidades ou propriedades supervenientes das coisas. Sendo assim, a separação entre fato e valor, no que diz respeito à lógica e à ética, é a única possibilidade para que a linguagem significativa da ciência possa afigurar a realidade.