Abstract
O presente artigo tem como objetivo realizar uma leitura crítica a respeito das fórmulas da sexuação assim como apresentadas por Jacques Lacan, ao longo dos Seminários 18 a 21, principalmente no que tange sua associação a um binarismo na nomeação de ambos os seus lados, propondo a um deles o título de ‘homem’ e a outro o título de ‘mulher’. A partir de um entendimento do estruturalismo e do significante, assim como propostos por Lacan, e da construção fundamentada na lógica e na topologia que sustentam tais fórmulas, pretendemos demonstrar uma leitura delas que não se prende a esse binarismo, e que, portanto, pode evidenciarse mais condizente à proposta lacaniana de desessencialização e desontologização, no sentido clássico do termo. Aliado a isso, recorremos a um dos temas que são escritos pelas fórmulas, a inexistência da relação sexual, a qual, como Lacan propõe, vem a substituir o princípio aristotélico da não-contradição para a psicanálise, aparecendo como a impossibilidade de se constituir uma unidade entre o que poderia ser dito de uma essência e de uma existência, cópula nunca satisfeita entre sujeito e significante, restando sempre como não-todo, entendimento que, a partir da lógica da sexuação, pode nos dizer de uma diferença pura, sempre contraditória e paradoxal, dos modos de se constituir o sexual.