Griot 23 (3):183-193 (
2023)
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Abstract
O nexo decisivo da teoria da arte em Luigi Pareyson consiste em uma metafísica da criação artística. No texto que propomos aqui, o cerne da questão é o ser que acontece - Acontecer - não significa para Pareyson o _Ereignis_ heideggeriano, mas o acontecer na arte e na pessoa. É na arte, que pode ser entendida a teoria da _formatividade_ onde todo operar humano é uma feitura de formas reunidas na noção de obra-forma. Os aspectos da operatividade humana têm um caráter essencial de _formatividade_, concretizando-se em um acontecer que resulta em obras. Mas, só fazendo-se forma é que a obra acontece em sua irrepetível realidade; separada de seu autor e adquirindo vida própria, na sua indivisível unidade, abrindo-se à exigência e ao reconhecimento de seu valor singular e irrepetível. _Formatividade_ é produção artística, feitura-invenção-acontecimento até a sua recepção pública. A experiência estética e a experiência concreta caminham de mãos dadas. O artista, ao criar, inventa leis e ritmos totalmente novos, por meio de uma livre escolha sugerida, tanto pela tradição cultural quanto pelo mundo físico, um acontecer cuja decodificação ocorre pela perseverança e dedicação do artista. Infere-se, pois, que o cerne da _formatividade_ é a recorrência direta à experiência. É nesse sentido que ao longo do texto se evidenciará a visão _receptiva, inventiva e produtiva, _simultaneamente; o acontecer segue a inteireza própria da formação da obra de arte e da ideia de Obra-forma; a feitura-criação da arte e sua inseparabilidade.