Abstract
Este artigo propõe pensar a crítica de Dostoiévski à razão em Memórias do Subsolo como uma crítica contra a modernidade ocidental. Para isso, é necessário entender o contexto russo do século XIX e como ocorre uma espécie de “importação de ideias” da Europa ocidental para a Rússia, provocando no país as mesmas consequências da Europa, como o niilismo. Entende-se que o niilismo é um fenômeno moderno derivado das novas filosofias que emergem nesse período e, portanto, o niilismo ocorre também na Rússia, motivo pelo qual muitos autores, entre eles Dostoiévski, refletem sobre essa questão. Para compreender a crítica de Dostoiévski à modernidade, precisa-se levar em consideração que o niilismo não é apenas um “problema filosófico”, mas também possui uma dimensão social. Logo, a crítica é em relação à sociedade russa. Para a execução de tal proposta, toma-se de empréstimo a definição de niilismo de Franco Volpi a fim de estabelecer uma relação com o niilismo tal como se desenvolvia na Rússia.