Abstract
Apresentando o enviesamento da escuta como um problema comum nas escolas, o artigo objetiva discutir de quais modos falas, manifestações e discursos estudantis são afinados ao ponto de perderem sua força imanente. Afirmando haver uma insistência em afinar as escutas nas escolas mesmo a partir de teorias pedagógicas, o texto aponta, na contramão, para enunciações pouco usuais de estudantes como um dever ética. Metodologicamente, essa pesquisa acompanhou o contexto de duas escolas do estado do Espírito Santo, criando redes de conversações entre estudantes e professores. Assim, apostando na perspectiva de uma escuta distraída, o artigo propõe não dar vazão apenas aos silenciamentos ou às escutas perversas, mas, antes, opta por apontar de que modos outras falas reverberam produzindo certas insurreições. Se as escutas pedagógicas dão preferências a certas alunas e alunos, é preciso enxergar ali, nos corpos menos prestigiosos, um arrombo de escuta incontrolável.