Abstract
Pode-se dizer que desde o início da ciência moderna muito se falou sobre virtudes teóricas tais como simplicidade, unificação, adequação empírica, fecundidade, coerência, etc., isto é, virtudes de uma boa teoria, mas pouco se falou das virtudes dos cientistas enquanto agentes. Todavia, hoje em dia, cada vez mais vem crescendo um interesse sobre qual é o papel das virtudes e dos vícios epistêmicos dos cientistas. Além de diversos artigos, já existem dois importantes livros os quais possuem diversos contribuidores: “Virtue Epistemology Naturalized: Bridges Between Virtue Epistemology and Philosophy of Science” organizado por Abrol Fairweather em 2014 e “Epistemic Virtues in the Sciences and the Humanities” organizado por Jeroen Van Dongen e Paul Herman em 2017. Contudo a atenção maior foi direcionada às virtudes epistêmicas e não aos vícios epistêmicos. Nesses dois livros citados acima, com o total de 29 capítulos, apenas 1 deles é dedicado ao vício epistêmico. O que não é de todo inesperado, se, de maneira análoga, temos em mente que apenas
agora com os trabalhos de Quassim Cassam surgiu uma epistemologia do vício. É nesse cenário que Cedric Paternotte e Milena Ivanova entram na discussão com o artigo “Virtues and Vices in Scientific Practice” publicado em 2017. Apesar de eles apontarem o papel das virtudes e dos vícios na prática científica, será contemplado apenas o que eles falam sobre o vício epistêmico na ciência. O que é dito nesse artigo é simples e controverso: o vício epistêmico pode ter função benéfica para o sucesso científico. Na seção I será explicado brevemente o que são as virtudes epistêmicas, em II fala-se um pouco do cenário das virtudes na história da ciência, III será dedicado a argumentação de Paternotte e Ivanova e, por fim, IV fornecerá três breves comentários sobre a posição dos autores.