Abstract
Pretendemos aqui mostrar que o vínculo indissociável entre crítica da inteligência e intuição da duração acarreta a nova definição da metafísica: “experiência integral”, segundo Bergson. A relação entre o trabalho de desqualificação de ilusões racionais e a redescoberta do ser como duração expõe, desse modo, como a consciência pode voltar a seus próprios dados e neles encontrar uma experiência real e inegável, a da presença do ser e de nosso pertencimento ao ser. A filosofia bergsoniana procura, nesse âmbito, conjugar reflexibilidade e sensibilidade. Em suas duas primeiras obras, pelo estudo profundo e detalhado dos processos psicológicos, Bergson defende que a consciência à qual a duração apareceria é a mesma que se toma como objeto, “espectadora e atriz”. A consciência age e vê, é o ver do fazer — ou, antes, do fazer-se. A duração que apareceria à consciência é a própria consciência: a consciência da duração e a duração da consciência estariam identificadas nessa visão