Abstract
O propósito deste artigo é comparar duas perspectivas analíticas que interpretaram as possibilidades de democra-tização das organizações internacionais (OIGs) nos anos 1990 e 2000. A primeira dessas perspectivas é sustentada por autores como Robert Dahl e Philippe Schmitter que consideram improvável a realização da democracia fora do espaço dos Estados nacionais. Eles seriam “céticos”, para empregar o termo utilizado por Dahl para se referir à sua perspectiva. De outro lado, David Held sustentou uma interpretação mais otimista ao defender que a natureza da democracia contemporâ-nea sofreu alterações resultantes do processo de globalização econômica. Por essa razão, Held considerou possível tanto a democratização das OIGs como o desenvolvimento de uma “cidadania cosmopolita”, situada acima dos limites dos Estados. Para desenvolver o contraponto entre estas duas perspectivas, este artigo realizará uma revisão bibliográfica da produção dos dois autores e estará dividido em duas seções principais. A primeira delas examinará a perspectiva “cética” de Robert Dahl com relação à possibilidade de democratização das organizações internacionais. A segunda seção examinará a pers-pectiva cosmopolita de David Held. Nas considerações finais, o artigo identificará os elementos de reflexão gerados pelas duas perspectivas a respeito do sentido da democracia no contexto da globalização.