Abstract
Este artigo pretende apresentar uma discussão sobre a possibilidade de identificarmos as possíveis contribuições das viagens de descobrimento, enfatizando as navegações portuguesas, para a construção do pensamento científico moderno. Por um lado, é analisado o valor da experiência direta valorizada pelos portugueses como critério de certeza acerca das afirmações sobre o mundo geográfico que acabaram por colocar em questão a concepção de mundo difundida a partir dos clássicos antigos – os gregos – e, por outro lado, é apresentado uma concepção de ciência moderna que comporta as contribuições dos chamados homens práticos, como os navegadores, cuja atividade marítima promove um debate, no campo da geografia e cartografia sobre a própria constituição do mundo, sem, contudo, romper definitivamente com a tradição cosmológica. A nossa análise é realizada por meio de uma discussão crítica com a historiografia existente.