Implicações do Pensamento de Wittgenstein para o Ensino de Línguas
Abstract
Ao contrário da filosofia analítica, e mais especificamente da teoria dos atos de fala, cujos reflexos podem ser claramente notados em parâmetros curriculares, materiais, atividades e procedimentos didáticos da área, o legado de Wittgenstein tem encontrado pouca ou quase nenhuma repercussão na pedagogia de línguas estrangeiras. Gräz propõe-se a fazer tal mediação, mas acaba por obter efeito inverso ao proclamado, na medida em que sua argumentação cria confusão conceitual, no lugar de dissolvê-la. Como alternativa, sugiro a mobilização de conceitos como jogo de linguagem e semelhança de família para superar a concepção essencialista de linguagem que perpassa muitas atitudes e expectativas do alunato, e de parte significativa dos próprios professores da área. O uso da terapia das confusões conceituais na pedagogia de línguas poderia evitar que procedimentos destinados à “facilitação didática” acabem mais gerando do que resolvendo problemas. A discussão de alguns exemplos, retirados sobretudo do domínio da gramática, visa ao mesmo tempo caracterizar os pressupostos essencialistas que estão por trás desse tipo de dificuldade e apontar caminhos para sua superação