ALEGORIA E SEGREDO I O traçado da interpretação – da Antiguidade à Idade Média
Abstract
Primeiro de uma série de três artigos que visam a analisar a utilização do discurso alegórico – em sua vertente alegórica e hermenêutica – em três obras de José Saramago: Memorial do convento, Manual de pintura e caligrafia e O evangelho segundo Jesus Cristo. Neste primeiro ensaio, analisaremos os sentidos socioculturais das diferentes avaliações dos processos de leitura e interpretação ao longo da história, tendo em vista sua influência direta na constituição de dois diferentes tipos de alegorias: a retórica e a hermenêutica. Para isso, voltaremos às primeiras práticas de leitura e interpretação, segundo a visão da antiguidade clássica, que subsidiam a limitação dos processos interpretativos que constituem as bases da alegoria retórica, chegando à experiência medieval, com a eclosão da multiplicidade de sentidos e a valorização dos processos interpretativos, que propiciam o surgimento de uma nova alegoria, de natureza hermenêutica