Abstract
Tomando como base, inicialmente, a conferência XXVII – “Transferência” (Freud, 1916-17) podemos definir transferência como a atualização e a repetição de relações conflituosas passadas na relação paciente/analista. Em seu artigo de 1955 intitulado Variações clínicas da transferência, Winnicott aponta para o fato de que a teoria freudiana sobre os estágios primitivos do amadurecimento emocional foi formulada em um momento em que a teoria psicanalítica era aplicada exclusivamente no tratamento de casos neuróticos. Ou seja, eram pacientes cujas necessidades básicas haviam sido atendidas.Encontramos aqui uma diferença fundamental entre Winnicott e o fundador da psicanálise. Em Freud encontramos a ideia da atualização dos conteúdos inconscientes na relação transferencial, em Winnicott a transferência passa a ser também o meio pelo qual o paciente é capaz de "falar" de suas necessidades maturacionais. Estas necessidades geralmente se referem à falhas do processo de integração e pedem do analista a previsibilidade e confiabilidade necessárias para garantir a regressão à dependência na relação transferencial.