Abstract
Este artigo contempla reflexões sobre o mal-estar e o sofrimento docente na contemporaneidade, a partir de experiências de escuta no âmbito da pesquisa e extensão universitárias. Apresentamos duas pesquisas, onde propusemos espaços de escuta por meio de entrevistas e escritas da experiência, ambas com docentes de instituições educacionais públicas. O método que embasa o texto é a pesquisa-intervenção de orientação clínica e a discussão pauta-se na análise clínica do discurso, que possibilitou recolher das pesquisas significantes que se entrelaçam, dando nomes ao mal-estar e ao sofrimento docente, tais como: silenciamento, desamparo, esgotamento, burocratização e produtividade. Diante destas manifestações, compreendemos que o mal-estar e o sofrimento docente são também produzidos e geridos pelo Estado e sustentados pela racionalidade neoliberal, a este intrínseca. Insistimos na constituição de experiências produtoras de espaços-tempo, de fala e de cuidado compartilhado, sem recuarmos frente à falta de alternativas que parece se impor. Assim, nos somamos aos esforços de construção de testemunhos de como essa racionalidade e suas violências se expressam na sociedade brasileira e nas instituições de ensino, sendo que nossas intervenções fazem coro com a constituição de acolhimento, cuidado com a saúde mental e suporte psicossocial no campo da educação, ensejando políticas de resistência.