Abstract
Diante da epígrafe do livro Parerga e Paralipomena, “consagrar a vida à verdade”, Nietzschese pergunta se não seria melhor inverter os termos, dizendo: “consagrar a verdade à vida”.Haveria nisso um elogio à ilusão, que poderia ser também traduzida na concepção quediz que a linha do horizonte é o mais profundo, ou simplesmente um reconhecimentoda impossibilidade de se chegar a uma essência das coisas, que tornaria desnecessária adivisão clássica entre essência e aparência, a qual, em termos kantianos, resolver-se-ia nadicotomia entre fenômeno e coisa em si, e, em termos schopenhauerianos, nos pontosde vista da Vontade e da Representação? Mas, por outro lado, noves fora, não seria maisjusto entendermos o conceito de Vontade como um Real, para falarmos em termos lacanianos,do qual se toma um pouco de cada vez, apesar do inesgotável que representa? Ea Representação como algo que englobaria as categorias do Imaginário e do Simbólico,tal como vemos prefigurado no Freud de Além do Princípio do Prazer?