Abstract
Não há mais como pensar as questões filosóficas fundamentais, e o modo com que elas afetam a nossa compreensão do nosso mundo, de seus problemas e de seus dilemas, sem pensar a filosofia para além de uma visão eurocêntrica e colonialista da mesma. É com essa perspectiva em mente que esse dossiê foi feito, visando mostrar como uma abordagem intercultural na filosofia é fundamental para se refletir sobre questões fundamentais da atualidade, tais como a relação entre tradição e modernidade na China contemporânea ; e o papel da transdisciplinariedade na constituição de uma concepção de conhecimento e de um ensino do mesmo que fujam à hiperespecialização e fragmentação modernas. Além disso, o dossiê também conta com artigos que mostram como fazer filosofia interculturalmente não significa negar o papel, a relevância ou a complexidade da filosofia “ocidental” e de suas ramificações; pelo contrário, significa tanto entender bem onde tradições não-ocidentais de filosofia, como as da Escola de Kyoto, têm uma relação central e indispensável com alguns dos principais pilares da filosofia “ocidental”, como também compreender o quanto a própria filosofía ocidental deve ser estudada e compreendida em toda a sua complexidade e profundidade, a fim de que se possa de fato não apenas pensar contra ela, onde ela se mostra “monológica”, mas também reconhecer o quanto ela é em si mesma plural, complexa e diversa, contendo tensões e dissidências em si mesma que permitem pensar, com ela, para além dela. Tendo essa visão geral da proposta deste dossiê em mente, torna-se pertinente agora esmiuçar mais detalhadamente a contribuição individual de cada artigo para esta coletânea.