Abstract
O debate consigo mesmo é um fenômeno corriqueiro. Diariamente tomamos decisões – sejam elas importantes ou triviais, teóricas ou práticas – em questões nas quais temos que escolher entre pelo menos duas opções. Para fazê-lo confrontamos uma com a outra seja deliberando pausadamente a respeito dos méritos de cada uma, seja impulsiva-mente adotando uma delas e descartando as demais. Os auto-debates que mais têm cha-mado a atenção dos filósofos são aqueles em que pareceria que a racionalidade é violada: do wishful thinking ao auto-engano, passando pela akrasia e outras formas aparentemente paradoxais do pensar e do agir. Servindo-se de concepções da racionalidade e do debate desenvolvidas pelo autor, este artigo procura analisar a natureza do auto-debate e seus tipos, e mostrar que a irracionalidade que se costuma atribuir a alguns de seus exemplos típicos só se justifica devido a uma concepção que limita a racio-nalidade a seu modelo lógico-dedutivo.The debate with oneself is a common phenomenon. We make decisions every day – important or trivial, theoretical or practical – concerning issues in which we have to choose among at least two options. In order to do that we have to compare these options either by quietly reflecting about the merits of each one, or impulsively adopting one of them and discharging the others. The kinds of self-debate that have most attracted philosophers' attention are those in which rationality is apparently violated: from wishful thinking to self-deception, including akrasia and other apparently para-doxical forms of thinking and of acting. This paper tries to analyze the nature and differ-ent kinds of self-debate using the conceptions of rationality and of debate developed by the author, and tries to show that the irrationality that is usually attributed to some of its typical examples is only justified due to a conception that limits rationality to its logical-deductive model