Cognitio 20 (1):31-47 (
2019)
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Abstract
A materialidade, ou o que alguns teóricos preferem identificar como materiais, vem sendo cada vez mais assunto de discussão e investigação. Embora esses autores sejam muito cuidadosos em especificar o que querem dizer com tais termos, o assunto exige maior esclarecimento do que recebera até agora. Isso faz com que seja um candidato ideal para o tríplice-escalonado esclarecimento proposto por C. S. Peirce em “Como tornar nossas ideias claras” e que daí em diante foi utilizado por ele para, diante do propósito em questão, tornar adequadamente claras suas próprias ideias. Assim como considerava inatingível a certeza absoluta, ele julgava também a clareza absoluta estar fora de alcance. Mesmo assim, ele ofereceu sua máxima pragmática como o nível mais alto de esclarecimento conceitual. Para inúmeros fins, aderir a essa máxima nos permite esclarecer nossas ideias de forma adequada. Embora ele seja enfático em sublinhar as limitações de definições abstratas, ele aprecia o valor de tais definições, das quais são na maior parte do tempo definições verbais. Se tomarmos as práticas bem-sucedidas do investigador experimental, porém, subitamente vemos a necessidade de traduzir nossas palavras não em outras palavras, mas sim, em hábitos de ação. Além do mais, o primeiro nível de clareza é muitas vezes menosprezado ou ignorado. Este grau de clareza é, no entanto, de uma importância muito maior do que lhe é atribuído pelos comentadores, e por vezes, pelo próprio Peirce. Este artigo, portanto, é uma busca de esclarecer o significado de materialidade e termos cognatos, usando as sugestões de Peirce para cumprir esta tarefa. Destaca-se a necessidade de esclarecimento pragmático, sem denegrir, porém, o valor de familiaridade tácita ou definições abstratas. Espero mostrar, de uma só vez, a força das sugestões metodológicas de Peirce e o significado de alguns termos elusivos.