Abstract
Meu propósito abrangente é oferecer um esboço pragmatista da racionalidade deliberativa derivada dos textos coligidos no volumoso conjunto de C. S. Peirce. Embora em alguns casos, as formulações sejam minhas, e não de Peirce. Porém, isso não torna meu esforço um caso de ventriloquismo : a posição em relação à racionalidade é dele, e não minha. Minha tese é que, para Peirce, a razão é no fundo, um conjunto mais ou menos integrado de hábitos, possibilitando aos agentes serem deliberativos. Ou seja, para ele, a deliberação é o cerne da racionalidade. Esta é, fundamentalmente, uma capacidade agencial: aplica-se primordialmente a agentes, sendo conhecedores teóricos um papel importante desempenhado por agentes deliberativos. O que espero demonstrar neste trabalho é a razão pela qual este retrato da razão é distintamente pragmático e verdadeiramente peirciano. O que também espero demonstrar é como a posição de Peirce implica o que, na filosofia contemporânea, é identificado por Christine Korsgaard como autoconstituição, por Sabrina Lovibond como autoformação e por outros teóricos com designações outras. Agentes deliberativos são, segundo Peirce, agentes radicalmente responsáveis. São responsáveis pelos verdadeiros critérios nos quais razoabilidade e responsabilidade são definidas e desenvolvidas. A questão de maturidade e a relação entre ser moral e ser maduro são essenciais à explicação de Peirce de racionalidade. Seu retrato pragmatista da racionalidade deliberativa é, a meu ver, não só sustentável quanto convincente. Acima de tudo, isto é o que espero demonstrar neste ensaio.