Abstract
"Ludwig Wittgenstein é um cabeça oca"(p.48). Esta afirmação poderia ter sido feita por um neurocirurgião que, seguindo a suposição do próprio Wittgenstein, houvesse feito uma operação no crânio do filósofo. Em Sobre a certeza (Über Gewissheit), Wittgenstein apresenta objeções aparentemente descabidas e esdrúxulas às ideias de Moore, que saiu em defesa do senso-comum. Diz Wittgenstein: “(... ) Mas que pensar de uma proposição como: 'Sei que tenho um cérebro'? Posso pô-la em dúvida? Tudo é a seu favor, nada contra. Contudo, pode imaginar-se que o meu crânio aparecesse vazio quando fosse operado." (Prop.4) Se Moore se compromete com a existência de proposições auto evidentes, que podem ser apreendidas intuitivamente, embora não possam ser provadas, é o assunto do segundo artigo desta coletânea, intitulado "A importância do senso-comum", de Mário A. L Guerreiro. Tanto Moore, em 1925, quanto Guerreiro, em 1995, estão defendendo algumas certezas do senso-comum e da filosofia do senso-comum contra certos absurdos, que se constroem justamente onde o pensamento sofisticado efetuou uma ruptura radical com o senso-comum. Após analisar objeções ao projeto de Moore, o artigo de Guerreiro conclui secamente com esta elegante profissão de fé: "De qualquer modo, não estamos dispostos a renunciar à certeza de que temos duas mãos com cinco dedos em cada uma. Se alguém tem alguma dúvida quanto a isto, pode se aproximar e verificar que minhas mãos não são de matéria plástica nem de madeira. "(p.49) [...] Palavras-chave: Resenha; Filosofia; filosofia analítica no Brasil.