Abstract
O objetivo do artigo é questionar o otimismo em relação aos anseios por transformação para algo melhor no contexto pós-pandemia. Por um lado, se é natural que desejemos alguma transformação depois da vivência do flagelo da pandemia – respostas ao sentido do sofrimento como mais um desdobramento dos ideais ascéticos, como escreveu Nietzsche –, por outro lado, o anseio por transformação encontra um limite tanto no sentido do desafio da transformação – um obstáculo para ela mesma –, quanto pelo otimismo nas teses esclarecidas que superestimam os indivíduos e seus potenciais cognitivos e subestimam o potencial dos conflitos internos. Finalizo com uma breve indicação da urgência de um programa genealógico da cultura brasileira.