Abstract
O presente artigo defende a tese de que a ética actual necessita de um conceito de natureza mais exigente e rico de conteúdo do que aquele que desde o século XVII tem sido dominante na ética filosófica. Na sua primeira parte, o artigo explicita e fundamenta esta necessidade. A segunda parte discute os conceitos de natureza inerentes ás principals escolas de pensamento ético, a saber, Kantianismo, utilitarismo, éticas do discurso e contratualismo. Segundo o autor, estas éticas já não preenchem as exigências colocadas ao conceito de natureza relativos a uma ética atenta aos problemas concretos da sociedade modema. No seu terceiro momento, o artigo visa igualmente mostrar as insuficiências do conceito de natureza a partir do qual as ciencias da natureza e as ciências sociais modernas pretendem fundamentar ou até mesmo substituir a ética. Finalmente, na sua quarta e última parte, o artigo argumenta ainda a favor de um conceito de natureza evaluativo adequado aos problemas da etica moderna. Nesse sentido são particularmente explicitados como elementos fundamentais não só a diversidade e a justiça, mas tambem os aspectos positivos associados com o acaso e a independencia da natureza relativamente à vontade humana. /// This article defends the claim that modern ethics needs a concept of nature more rich in content and more weighty than the concept dominating since the 17th century. The first part (I) explains the reasons for this necessity. The second (II) discusses the concepts of nature in the prevailing modern schools of ethical thought, namely Kantianism, utilitarianism and discourse ethics. The reductive concept of nature used in the modern sciences to explain or to replace ethics is criticised in the third part (III). In the last part (IV) the article argues for a value-concept of nature and naturalness appropriate for the problems of modern ethics. Its main traces are diversity, justice and the positive aspects of chance and independence from the human will.