Endoxa 44:91 (
2019)
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Abstract
Na fronteira hispano-portuguesa, a criação de lugares e atividades culturais dedicadas ao poeta Miguel Hernández configura uma «comunidade de partilha», que envolveu a produção de um público definido pela perceção e nomeação de injustiças atrozes, a que o poeta serve de interlocutor. As palavras do poeta trazem à experiência sensível vozes e testemunhos da repressão franquista, até então não reconhecidos na comunidade. Neste texto interrogo as formas de consenso e de dissenso expressas em processos de subjetivação política, do que significa ser interlocutor num mundo comum, considerando que o poder da exemplaridade política alcançada pelas práticas artísticas, em detrimento das narrativas da experiência e dos discursos históricos em geral, parecem indicar que é no terreno estético que prossegue uma batalha, anteriormente centrada nas ilusões e desilusões da história.