Abstract
Em 2012, Alexandre Marques Cabral levantou uma crítica à Psicologia clínica e à psicoterapia. Retomando a discussão de Foucault sobre a confissão, Cabral desdobrou a narrativa de que a Psicologia clínica seria uma herdeira direta do dispositivo confessional católico-cristão, configurando-se, portanto, como uma prática de controle e docilização dos corpos e existências. Em 2014, Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo respondeu à crítica de Cabral, argumentando que a Psicologia fenomenológico-existencial é capaz de superar as críticas levantadas por Foucault, pois não se pauta na noção de confissão, já que não qualquer ideia de interioridade ou subjetividade. Nesse artigo, pretendemos retomar essa discussão centrando na polissemia do termo confissão, deslocando o debate para caminhos até então não trilhados. Nosso argumento é de que é possível pensar a confissão de maneira diferenciada a partir do pensamento de Soren Kierkegaard, que concebe a confissão como uma relação imediata consigo mesmo, estabelecida a partir da possibilidade de um diálogo interior.