Evolução, Funcionalismo e Intencionalidade
Abstract
O problema da intencionalidade em filosofia da mente diz respeito ao modo pelo qual a mente humana e de outros animais estão relacionadas ao mundo, o que exige uma análise cuidadosa por parte de um projeto filosófico que pretenda explicar de forma satisfatória este tópico. John Searle, em Minds, Brains and Programs, oferece uma crítica contundente às tentativas de se explicar a intencionalidade e a atribuição de significado aos estados mentais a partir da perspectiva funcionalista a qual ele classifica por “Inteligência Artificial Forte”. Na visão de Searle, a reprodução sintática das relações lógicas do cérebro humano não é suficiente para reproduzir um sistema com intencionalidade e significado. Em contraposição a Searle, Daniel Dennett argumenta em favor da tese de que sistemas inteligentes e aparentemente designados podem ter sua origem em processos simples e mecânicos como os processos algorítmicos, o que, em princípio, parece indicar a possibilidade de uma abordagem da intencionalidade nestes mesmos pressupostos. Tendo em vista a proposta de Dennett, este artigo tem como objetivo expor alguns aspectos da teoria da intencionalidade de Dennett e explicitar algumas considerações baseadas na teoria da evolução que permitem a conciliação de uma teoria funcionalista da mente com o fenômeno da intencionalidade.