Abstract
Seria a escrita um remédio para a memória e a causa de sabedoria entre os homens? Essa é a questão fundamental que este trabalho pretende investigar a partir do mito da invenção da escrita presente no Fedro de Platão. A análise feita por Sócrates e Fedro, os dois interlocutores da conversação, nos conduzirá para pensar sobre uma questão que perpassa todos os diálogos de Platão, que é a natureza do saber e sua relação com a linguagem. Veremos como Sócrates enuncia a diferença entre memória e recordação, mnéme e anámnesis. Tal exame conceitual se apresenta como capital para que se entenda como a alma desperta, através da linguagem, para a atividade filosófica, o que acaba sendo também uma crítica à retorica dos sofistas, logógrafos, políticos e oradores contemporâneos de Platão.