Abstract
Este trabalho envolve a análise da presença de Spinoza nas obras de Carl Schmitt. Os objetivos do texto são os seguintes: a) identificar as razões de Schmitt ao sustentar seu discurso político em noções spinozanas; b) esclarecer as contradições entre as diferentes imagens de Spinoza que Schmitt projeta em seus escritos. Para alcançar tais objetivos, a investigação realizada neste texto abordou tanto o contraditório personagem Spinoza criado por Schmitt (filósofo antimecanicista, crítico do racionalismo, liberal, pensador da individualidade concreta) quanto os conceitos spinozanos manejados pelo jurista (conatus, natureza naturante, liberdade de consciência). A elucidação das táticas schmittianas de uso de filósofos hostis a seu projeto – caso de Spinoza – é relevante porque torna mais nítida a percepção das operações retóricas usadas por Schmitt na década de 1920 e nos primeiros anos da década de 1930 para ampliar a adesão aos propósitos não explicitados de sua atividade intelectual antes da sua adesão ao nazismo.