Abstract
O presente artigo expõe, inicialmente, um panorama da sociedade contemporânea, a qual se apresenta como programada para o consumo e é marcada pelas exigências de um mercado capitalista e neoliberal, visando demonstrar de que forma tais características influenciam e determinam a construção da subjetividade dos indivíduos. Nesse contexto, o texto analisa as consequências das referidas configurações sociais no campo educacional, em especial no ensino de filosofia. Ademais, busca-se ressaltar o modo como são desenvolvidas as relações de poder, pautadas essencialmente pelo caráter opressivo. Como proposta para o desenvolvimento de práticas de ensino nesse cenário, de modo a não reproduzir o modelo vigente, cujo objetivo é a construção de um sujeito eficiente em termos de produção, é apontado o ensino de filosofia a partir do eixo problemático. Esse modelo, na concepção do filósofo Sílvio Gallo, é uma das formas mais adequadas de propiciar aos estudantes a experiência do pensar crítico, fugindo de um ensino mecanicista, reprodutor de um sistema de controle e normatização. Por fim, é apresentada a ética do cuidado de si ou a estética da existência, a partir dos estudos de Michel Foucault. À luz dessa concepção, busca-se analisar as suas possíveis contribuições para o ensino de filosofia, entendido como uma forma de resistência às práticas criadas pelos estados modernos com o objetivo de domesticar, subjugar e controlar os indivíduos. Entendemos que o ensino de filosofia torna-se uma práxis libertadora, que desperta nos sujeitos o pensar crítico, criativo e reflexivo, de modo a se tornar uma forma de resistência contra as lógicas de controle e alienação das subjetividades.