Abstract
O objetivo do presente artigo é fazer uma reflexão, no âmbito da ética, sobre a abertura como fundamento do diálogo e da dimensão do cuidado em Emmanuel Lévinas. A nosso ver, a viabilidade de uma ética dialógica em Lévinas, somente é possível a partir do conceito de abertura, a qual está vinculado ao desejo do homem em relação ao transcendente. Segundo Lévinas, o homem ao desejar aquilo que ultrapassa a medida do ser, se depara com o infinito que o transcende. Mas, se por um lado, o infinito pode ser representado por Deus, por outro lado ele assume uma forma concreta, vinculado ao rosto do ser humano. Desse modo, o rosto representa para Lévinas, a noção de vulnerabilidade, a qual nos remete à ideia de abertura, que ultrapassa a própria dimensão ontológica. Com efeito, para o filósofo lituano, a abertura não é algo efetivado a partir do próprio sujeito, que reduz o outro à identidade do ser, mas consiste na sensibilidade do homem à vulnerabilidade do próximo, que se apresenta como um exilado da ordem do ser. O diálogo no horizonte da abertura, somente ocorre quando respondemos à solicitação do outro, que nos interpela por meio da vulnerabilidade do seu rosto. Tal relação, não se dá de modo racional e conceitual, mas ocorre a nível da sensibilidade, pois não se trata de compreender a condição frágil do próximo, mas de percebê-la como vulnerável, suscitando uma ética calcada na afetividade e no cuidado para com o outro.