Abstract
Na Lógica Jäsche encontramos uma descrição dos graus do conhecimento segundo Kant, que em ordem crescente seria a seguinte: representar-se, perceber, saber, conhecer, entender, discernir e compreender , com a seguinte advertência no quarto nível: “os animais também sabem dos objetos, mas não os conhecem” . É bem conhecida a definição kantiana de conhecimento enquanto resultado da aplicação de conceitos do entendimento aos objetos da intuição sensível. Também conhecemos sua tese de que as “categorias são conceitos que prescrevem leis a priori aos aparecimentos, por conseguinte à natureza, como conjunto de todos os aparecimentos” . Buscamos analisar neste artigo a referida série ordenada dos graus de conhecimento mediante a consideração dos papéis específicos que Kant atribui a cada uma das capacidades de representação que compõem o aparelho cognitivo humano e que colaboram para a construção do conhecimento, conforme descrições feitas principalmente no âmbito da KrV , Anthropologie , Logik e Vorlesungen . Sustentamos a posição de que estes distintos graus de conhecimento se devem à crescente complexidade operacional proporcionada, primeiramente, pelos sentidos, que recebem de modo meramente passivo o múltiplo desconectado da intuição, para então elaborar espontaneamente pela imaginação um conjunto de sínteses subjetivamente unificadas, construindo aparecimentos [Erscheinungen] mediante as formação de imagens no espaço e associação de intuições no tempo, para, finalmente, e com a colaboração do entendimento, que prescreve leis à natureza , elaborar o conhecimento empírico dos objetos da experiência, ou fenômenos [Phaenomena], pela reunião objetiva da multiplicidade dos aparecimentos sob regras de unidade intelectuais