Abstract
O presente estudo investiga a consistência entre as afirmações da Dialética e as do Cânon acerca do problema da liberdade e o faz através de uma análise comparativa de três interpretações, mostrando por que duas delas seriam equivocadas, e, uma terceira, defensável. Carnois aponta que haveria uma incompatibilidade entre Dialética e Cânon ao considerar que a liberdade do Cânon seria uma liberdade limitada e empírica, enquanto que, na Dialética, teria uma espontaneidade absoluta. Allison considera que os textos seriam compatíveis, embora ambos apresentem uma liberdade prática relativa e ambígua, e por isso haveria uma moralidade pré-crítica na KrV. A interpretação de Esteves nos parece a mais sustentável e permite perceber a coerência e a contemporaneidade dos textos, mostrando que, embora a liberdade prática seja uma liberdade relacional, ela não é um conceito empírico, mas híbrido.