Abstract
Resumo: Segundo a mitologia grega, quem beber ou tocar nas águas do Lete, um rio do Hades, esquece a existência anterior. O que pode ser, segundo Nietzsche, uma receita para o sofredor livrar-se do fardo de seu sofrimento, mas também um ato heroico de afirmação da vida. Assim, tanto a decisão de tocar - ou não - nas águas do Lete quanto os motivos para fazê-lo envolve a ambiguidade que é característica do termo “esquecimento” nos escritos do filósofo. Uma característica do conceito que diz respeito ao diálogo constante do filósofo com suas fontes, com as nascentes do conceito, e aos diferentes usos que faz dele, os meandros que produz. Dois campos de investigação, o da origem e o da forma, que têm em comum a possibilidade de interpretação, conforme veremos, a partir das ideias de assimilação e digestão.: According to Greek mythology, whoever drinks or touches the waters of Lethe, a river of Hades, forgets his previous existence. What can be, according to Nietzsche, a recipe for the sufferer to get rid of the burden of his suffering, but also a heroic act of affirmation of life. Thus, both the decision to touch - or not - the waters of Lethe and the reasons for doing so involve the ambiguity that is characteristic of the term “forgetfulness” in the philosopher’s writings. A characteristic of the concept that concerns the philosopher’s constant dialogue with his sources, with the nascent of the concept, and the different uses he makes of it, the meanders he produces. Two fields of investigation, that of origin and that of form, have in common the possibility of interpretation, as we will see, from the ideas of assimilation and digestion.