Abstract
Este artigo visa investigar, através do modelo entropológico de inspiração lévi-straussiana elaborado pelo filósofo Marco Antonio Valentim na obra Extramundanidade e Sobrenatureza (filosofia quente-sociedade fria e filosofia fria-sociedade quente), os desafios lançados ao pensamento pela mitologia lovecraftiana. Interpretaremos para isso a obra H.P. Lovecraft: a disjunção no Ser, do filósofo argentino Fabián Ludueña Romandini, buscando posicionar a temporalidade no centro da análise entropológica. Contrastando a mitologia lovecraftiana com o pensamento das sociedades quentes, somos levados a sobrevoar as regiões da loucura, do sonho e do trabalho, para finalmente alcançar um dos nódulos temporais da modernidade, expresso na imagem do tempo como intuição interna do sujeito transcendental da filosofia kantiana. Depois de uma breve comparação entre a filosofia lovecraftiana e a filosofia kantiana, seguimos em direção à filosofia aceleracionista de Nick Land, contrapondo o cosmos lovecraftiano ao cosmos tecnocrático do expoente contemporâneo das sociedades quentes e suas tendências entrópicas. Finalmente, retomamos a interpretação entropológica da mitologia lovecraftiana analisando as preocupações referentes ao horror vacui destacadas por Valentim na sua obra, apoiando-nos para isso no lugar outorgado às escolas filosóficas pelo filósofo argentino na sua obra sobre Lovecraft.