Abstract
Neste trabalho abordo a hipótese apresentada por Fernando Gil no Tratado da Evidência, da hegemonia de mecanismos alucinatórios nos processos evidenciários. Para avançar no seu estudo, mobilizo condutas elementares e fenómenos complexos, da sucção à vinculação e ao membro-fantasma. Estes fenómenos justificam uma leitura da alucinação a partir de um momentum ou “fase” que designo por evidência perimórfica; com maior brevidade, a propósito do processo de crença e do sistema percepção-linguagem, abordo a alucinação colectiva e o estado perifrástico da evidência. Tentativa e incipientemente, submeto estas ideias ao crivo de realia e rebus da história da medicina e da ciência e de modelos da imaginação. Faço minha uma interrogação do grande filósofo português acerca da mutação da evidência em lei, para terminar evocando o campo moral e a repugnância natural pelo sentimento do falso.