Abstract
Será que a fenomenologia nos permite abrir uma via privilegiada para a compreensão dos fenómenos? Basta, no entanto, um olhar sobre a história filosófica do conceito de «fenómeno» para nos vermos confrontados com resultados complexos, nem sempre fáceis de apreender. Só precisamos de dois: as definições do que é o «fenómeno» diferem consideravelmente tanto dentro como fora da tradição fenomenológica; a compreensão fenomenológica dos fenómenos foi objeto, desde Husserl em particular, de várias objecções por parte dos interlocutores diretos, e continua a sê-lo no debate atual que coloca a fenomenologia à prova das críticas provenientes de outras abordagens, desde a filosofia da mente de inspiração analítica até às chamadas ciências cognitivas. Centrar-nos-emos, então, no diálogo entre Husserl e Natorp para demonstrar a originalidade da abordagem husserliana, limitando-nos às críticas de Natorp às teses expressas na quinta das Logische Untersuchungen. O nosso objetivo é, por conseguinte, duplo: ao centrarmo-nos nas Logische Untersuchungen, formular os argumentos necessários para contrariar as objecções de Natorp; defender, em perspetiva, a especificidade da compreensão fenomenológica dos fenómenos face a certas alternativas que encontramos no debate atual.