Abstract
O presente trabalho explora a possibilidade de compreensão de experiências temporais abertas por narrativas que se configuram por meio dos sons e da música no álbum Random Access Memories (2013), do grupo francês de música eletrônica Daft Punk. Destacamos no produto os modos com que ele articula questões e dinâmicas do tempo, da memória e da nostalgia, envolvendo pelo menos duas dimensões: a maneira como a banda explora uma dialética homem-máquina, revestindo – ou desconstruindo – aspectos sintéticos com elementos próprios da “organicidade” da prática musical humana; o movimento de um suposto retorno ao passado em busca de referências da música pop, sobretudo dos anos de 1970 e 1980, aliado à busca dos sons do futuro. Com isso, buscamos não apenas caracterizar os temas do tempo que o álbum promove, mas refletir sobre a significância de tais problemas na comunicação e na cultura contemporânea.