Abstract
Na atualidade, observa-se que muitas leituras feitas acerca dos contextos de manifestações de movimentos sociais se inserem dentro de uma perspectiva de políticas de identidade e de reconhecimento cultural em detrimento da justiça distributiva. Contudo, longe de concordamos com esta substituição, nossa hipótese é que o deslocamento substitutivo da justiça distributiva pelo reconhecimento cultural limita e enfraquece a própria ação dos movimentos sociais, já que ambos são faces de uma mesma moeda, de forma que a ausência de um compromete a existência de outro. A partir do pensamento de Gramsci, desenvolveremos uma leitura da questão racial no Brasil a partir da relação entre movimentos sociais negros, Estado e sociedade civil. Nosso objetivo é demonstrar que a concretização de uma verdadeira democracia racial passa pela estratégia dos movimentos de construírem um projeto político-ideológico contra-hegemônico, ocupando, dentro da lógica gramsciana de guerra de posição, espaços na esfera da sociedade civil.