Abstract
Este artigo busca articular a noção de subjetividade de Rousseau descrevendo suas duas motivações básicas – autopreservação e piedade – e suas faculdades cognitivas (sensação, percepção, imaginação, memória e razão), focando a análise da primeira parte na categoria de desejo e de hábito, que em conjunto formam as paixões do indivíduo singular. A abordagem do nosso autor principia por descrever a constituição essencial do indivíduo humano e define sua ação por suas motivações básicas, que visam saciar suas necessidades. No segundo momento é posta a questão da alteridade, mostrando as condições que possibilitam seu surgimento, e quais a impossibilitam. A anterioridade do si e a compreensão do sofrimento através da capacidade natural da piedade, aliados à capacidade do transporte imaginário, aparecem de um lado; do outro o amor-próprio e o jogo do eu relativo, gerando a alienação e a perda da autorrelação imediata, impossibilitando a alteridade. Reflete-se, por fim, sobre a questão dos limites da alteridade no pensamento de Rousseau e se a anterioridade e primazia do si é um problema que lhe limita ou não.