Os Mutantes e Cidade de Deus – identidades estilhaçadas em mundos estilhaçados
Abstract
Reflexão mais ou menos directa e mais ou menos ‘incómoda’ sobre a situação deplorável de marginalização dos meninos da rua, respectivamente em Portugal e no Brasil, os filmes Os Mutantes e Cidade de Deus podem ser considerados como um bom exemplo do papel que o cinema representa como “...o meio natural não só para constituir uma visibilidade moderna, mas também uma consciência dos tempos modernos.” . Para além dessa preocupação comum, a realizadora Portuguesa tem dado ainda nos seus filmes especial atenção à situação social das mulheres jovens e, consequentemente, à situação do género na realidade Portuguesa dos nossos dias. [...] Neste trabalho é meu propósito ver até que ponto essa atenção é visível em Os Mutantes, um filme que, enquanto reflexão sobre momentos na vida de três adolescentes, parece dar particular relevo à personagem feminina Andreia, e compará-lo com Cidade de Deus, cujo foco de atenção parece incidir nas personagens masculinas. Tendo em conta a diferença de abordagem das personagens femininas e masculinas nos dois filmes, impõe-se colocar a seguinte questão: quais são então as implicações dessa abordagem para uma compreensão do género em Os Mutantes e Cidade de Deus?