Abstract
Bergson sustenta que a ordem vital é essencialmente um processo inesgotável de criação. A vida é um aspecto expressivo do tempo que, por sua vez, é autônomo e independente do espaço e do sujeito, bem como irredutível às funções quantitativas de medida. Trata-se da natureza qualitativa e virtual de toda diferença que devém natureza viva por uma atualização irresistível. Contudo, não é menos verdade que a vida se apresenta comumente menos em sua essência movente do que por meio de seus acidentes de percurso, recortando individualidades e se hipnotizando em generalizações ou repetições diversas, que imitam antes a ordem física, quiçá a geométrica. Pretendemos nesse Artigo acompanhar o movimento do impulso vital - responsável por conduzir o processo de diferenciação de virtual à atual - em sua força explosiva, em suas nuances, obstáculos encontrados e sua inevitável superação ao compor novidades radicalmente imprevisíveis. Desse modo, compreenderemos que o traço característico da evolução biológica não é a capacidade de adaptação das formas vivas ao meio que lhes impõe condições de existência, mas, sim, sua intrínseca potência criadora que prolifera composições entre a matéria e o espírito - direções diversas e até extremas de duração.