Abstract
O artigo analisa a tese de Roberto Esposito de que a pessoa é um dispositivo imunológico projetado para proteger a vida humana, mas que, ao mesmo tempo, a restringe. Embora aparentemente concebida para salvaguardar os direitos de todo ser humano, sua própria estrutura torna isso impossível, pois contém um elemento de exclusão e dominação. A noção de pessoalidade seria inseparável de uma concepção transcendente e possivelmente violenta, de modo que, em vez de se basear na racionalidade ou na afirmação do “eu” ou do “você”, características do personalismo, os direitos e a dignidade teriam de se basear na individualização da vida impessoal ou em uma “terceira pessoa”. A pluralidade também não seria possível se cada pessoa fosse única, pois nesse caso não seria possível afirmar os outros. A contribuição tentará esclarecer o escopo de uma primazia do impessoal e, ao mesmo tempo, questionar a possibilidade de renunciar ao pessoal.