Abstract
Em Totalidade e Infinito, Lévinas descreve cuidadosamente a separação do Mesmo e do Outro, recorrendo diversas vezes ao termo “ensinamento” para definir o acolhimento num Eu interior, daquilo que lhe é exterior. Mas para Lévinas, na absoluta alteridade, o outro é Outrem, outra pessoa, irredutível à minha posse, exterioridade absoluta que me encara a partir de um rosto, como um ser que me fala e, por isso, é o único capaz de me ensinar. Acolher outrem, nesse sentido, é responder-lhe e, assim, ser responsável por ele, numa relação que é, essencialmente, ética. Com isso em mente, é possível refletir sobre o sentido mais profundo da relação educativa que, para além dos papéis que assumem professores e alunos numa totalidade sistemática, Eu e Outro constituem uma frente a frente que dá sentido ao mundo do qual vivem, se apropriam e compartilham. A relação entre os sujeitos na educação, portanto, extrai sua significação do ensinamento, não como prioridade de um conteúdo comunicável, mas como responsabilidade infinita por outrem, como relação ética.