Abstract
A sociedade como um todo está isolada devido ao avanço da Covid-19 e, neste
processo, não somente nos isolamos fisicamente do outro, mas também o sentir afetivo
deste entra em crise. Com isso, diante de uma pandemia que ceifa inúmeras vidas
diariamente, esse afeto do me afetar perante o outro entra em crise e, em sua maior
doação, o desespero vem à tona. Desespero esse que apresenta-se a nós como a potência
mais elevada de um sofrer inerente ao humano. Com isso, partimos da análise do
célebre filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard, que aborda o desespero como a
doença de si, de perder-se no ato de se desesperar. Ainda, utilizamos análises
contemporâneas de Michel Henry a partir da corporeidade, em que há um ego dotado de
subjetividade absoluta, o que nos é relevante frente à problemática sanitária da Covid19 em todo o mundo, ainda que nosso artigo tenha como enfoque o território brasileiro e suas mais de quinhentas mil vidas ceifadas. Portanto, visamos, de modo sucinto, analisar através desses dois pensadores a crise do Coronavírus evidenciada através do
desespero, ou seja, via análise fenomenológica pretendemos examinar o desespero em
relação à fatalidade que nos cerca: o constante aumento de vítimas e os inúmeros
sofreres que nos são apresentados.